Anorexia

Eu poderia falar várias coisas a respeito dessa doença, coisas que você encontraria em livros médicos ou que até, possivelmente saiba através da mídia, porém vou falar-lhes sobre a minha experiência, e sobre um pouco de como me senti.
Lá pelo mês de junho em 2009 comecei a me sentir cada vez mais gorda. Cada vez mais gorda é um eufenismo, eu me sentia horrível, ao me olhar no espelho via "culotes", gorduras e pele sobrando em todos os lugares do meu corpo. Para mim usar um jeans 40 era o fim do mundo, eu não podia admitir isso.
Isso fazia com que eu me sentisse cada vez mais pra baixo, o que futuramente acarretou em uma depressão. Eu já tinha, digamos assim uma pré-disposição para esta ultima doença, o que vim a descobrir depois. Desde a minha infância eu apresentava sinais, mas como não os falava a ninguém, e não os interpretava corretamente eles passaram desapercebidos por mim.
Em setembro do mesmo ano passei a fazer um acompanhamento nutricional, para perder peso.
Ao decorrer de quatro meses fiz uma dieta rigorosa, com a qual perdi em média 17quilos.
Nesse período eu achava que tudo deveria melhorar, mas meu mundo parecia estar desabando. Me trancava em casa, não queria sair de jeito nenhum, e não queria que ninguém fosse à minha casa também, cheguei até algumas vezes a ser agressiva com familiares e amigos que lá estavam, e peço desculpas a quem foi injustiçado por mim nessa época. Só ouvia músicas tristes, chorava praticamente todos os dias, sem saber qual era exatamente o motivo.
Meus pais começaram a ficar preocupados(desesperados) comigo, por alguns outros três meses depois disso fiquei indo de médico em médico, cada um tentando descobrir o que eu tinha.
Porém eu jamais acreditei que estivesse doente. Sério. Quando você tem anorexia, pelo menos no meu caso, você não acha que está doente. Acha que a suspensão da menstruação, a queda de cabelo, os desmaios, é tudo normal, fruto de algum outro problema. Você não come, mas também não sente fome, por isso quando outras pessoas falam que você não está comendo nada você diz que é mentira, e teima que eles estão errados. Afinal eu comia de três em três horas, rigorosa e obcecadamente, para que meu metabolismo não ficasse lento. Eu tomei laxante por ter comido algumas colheradas de pavê. (nunca façam isso, desmaiei de madrugada, meu primeiro desmaio, passei muito mau por toda a noite, realmente entendi o significado de suar frio. Fiquei desidratada, tive febre de 39ºC, era época da epidemia da influenza A H1N1 e meus pais queriam me levar ao pronto socorro suspeitando de que eu estivesse infectada. Me recusei a ir, obviamente, e depois um dia de cama, com a cabeça latejando pelo tombo, que até hoje meus pais não sabem que tive, e que com a sorte que tenho vão continuar sem saber, tomando soro caseiro eu melhorei da febre). Eu andei quatorze quilômetros sem tomar café da manhã pois na noite anterior havia tomado um McFlurry.
 Eu achava que se eu tivesse com anorexia eu saberia, achava que era como se a pessoa quisesse ficar doente, e saberia se estivesse, mas não. Uma coisa que estava ali na minha frente, e que todos enxergavam, menos eu.
Até que cheguei ao ápice, com 46 quilos e medindo 1,70m. Após alguns desmaios, ídas ao pronto socorro, quedas glicêmicas, uma convulsão e uma forte infecção urinária, tive de dar o braço a torcer, aquilo não era exatamente normal.
Atualmente faço um acompanhamento regular com uma psiquiatra, tomo um anti-depressivo, um calmante para dormir e um outro remédio, que sinceramente não sei o que faz, segundo a bula é um outro anti-depressivo, pra que dois? Não sei.
Eu recuperei todo o peso que perdi com a doença, 20kg. Porém já quero perder alguns quilos novamente, mas agora sei exatamente onde quero chegar e não permitirei que essa doença traiçoeira me pegue denovo.
A depressão, bom, ela continua, pensamentos suicidas constantes, tentativas nem tanto, mas nem por isso inexistentes, porém eu vou convivendo com ela, e desde que eu saiba que eu não terei coragem para levar uma morte eminente adiante eu não me sinto com problemas (por mais que minha querida Roberta insista que eu tenha que fazer terapia, eu não gosto disso querida, realmente sem chances, desista).
Eu só pesso para que vocês não se levem pelo estereótipo de modelos mageeeeeeerrimas, isso pode ser o biotipo delas e  não o seu, mas leve em consideração, se você é do tipo que vê modelos em revistas, de que grande parte daquilo é photoshop, que nem tudo é o que parece. E se mesmo assim isso não funcionar pra você, pense sempre que o seu corpo não precisa fazer parte dos padrões exatos de beleza para se encaixar.
Falavam que eu tinha cara de doente, que parecia uma vassoura, chegaram a dizer que tinham vergonha de andar comigo na rua.
As vezes é melhor ter um corpo de brasileira, um corpo violão, um corpo com curvas que todo homem gosta, haha.
Pensem nisso e não cometam os meus erros.




Na foto ao lado eu e minha mãe, aquela pessoa que nunca me abandonou. Obrigada por isso.

3 comentários:

  1. Você é uma pessoa maravilhosa, e não sabe o quanto me doeu ver isso aocntecer com você.
    E do mesmo jeito, você não sabe como fiquei feliz ao ver você comer uma coxinha no intervalo! HAHA

    Eu te amo Carol, quero te ver sempre bem ♥

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  2. Concordo suuh.... dueu e ainda doi saber que isso um dia pode acontecer... poxa a nossa poiazinha linda linda... que agente ama tanto.. caah ainda quero que você seja minha madrinha okay?! dos dois... tente pela gente e muito mais por você... queremos você velhinha gaga perto da gente para podermos relembrar dessa fase ruim que vai acabar... não depende só de nós mais sim de você, nós somos apenas seus estepes que vão te segurar pra sempre
    Te amo Caah sempre... faço da suuh minhas palavras quero sempre te ver muuuito beem sz'

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  3. Obrigada por tudo meninas, o apoio incondicional de vocês sem dúvida me ajuda muito.

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